quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Quinta, 28 de fevereiro de 2013

CANTADA DE ECONOMISTA

Os economistas, como vocês sabem, se expressam num dialeto pouco compreensível para um cidadão comum. Outro dia, em Brasília, convidado para uma festa dessa gente, eu quase solicitei um tradutor. economista mulher
Em meio aos comes-e-bebes, observei um clássico economista “galinhando” as mulheres presentes ou, como ele preferia dizer, “especulando no mercado feminino de opções”. Vi quando ele se aproximou de uma economista do IBGE e disse-lhe, galanteador:
- Sabe que você é o melhor investimento dessa festa? Ela virou-se para o coleguinha e respondeu entre séria e surpresa:
- Se você está procurando aplicações de curto prazo, pode reduzir seus gastos de palavras. Sou uma mulher de renda fixa!
O rapaz considerou que deveria aumentar seu capital de risco:
- Gosto de mulheres assim. Oferecem mais segurança. Essas palavras só garantiram sua valorização.
A mulher, nervosa, remexeu uns papéis na bolsa e subscreveu um lote de desconfiança:
- Quer dizer que minha cotação não caiu?
O economista sorriu, um sorriso cheio de superavit:
- Pelo contrário. Eu já não consigo conter a inflação dos meus sentimentos…juro!
- De quanto?
Ele cochichou-lhe qualquer coisa no ouvido e ela arregalou os olhos. Com certeza, há tempos não encontrava um homem oferecendo taxas tão altas. Insegura, oscilando como as variações da TR, ela permaneceu em silêncio e ele foi em frente, decidido a obter seu ganho.
- Você parece triste, em déficit com a vida. Seu IBV médio está em baixa?
- Claro. Há um grande desequilíbrio entre a oferta e a procura – disse ela – os homens não parecem interessados em aplicações a longo prazo. Além disso, sofri uma queda e tive um corte no orçamento.
O homem achou que era o momento de iniciar uma promessa de vendas:
- Escuta. Porque não saímos daqui? Vamos lá pra casa. Acho que poderemos fazer um belo programa… de ajuste fiscal.
A mulher fez uma expressão superior e respondeu por cima do ombro:
- Isso ? Muito commodities pra você…
- Ora vamos. Prometo não lhe envolver em ações ordinárias.
Enquanto ela fazia a conversão da dívida, ele aumentou os incentivos:
- Percebo, pelas projeções dos meus desejos, que temos um grande mercado futuro pela frente. Podemos até adotar um redutor. Era o que ela precisava ouvir para que a noite rendesse dividendos e bonificações. Ao chegarem a casa, ele, como bom investidor, não perdeu tempo e remunerou o ouvido dela com um pedido:
- Posso transferir alguns recursos líquidos?
A mulher empurrou-o.
- Você está muito ativo. Respeite ao menos minha poupança interna.
O economista, porém, não estava ali para ficar ouvindo sermões e pregões e, antes que a moça resolvesse iniciar uma negociação, que sabe-se lá quando terminaria, ele aproximou-se e disse baixinho:
- Sabe do que eu gostaria? De botar no fundão! Posso?
A moça transferiu suas ações (preferenciais)

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